sábado, 22 de novembro de 2008

ETIQUETA À MESA JAPONESA

Quem nunca passou por algum apuro em restaurante japonês que atire a primeira pedra! Eu sempre tive dúvidas, muitas já esclarecidas pela professora Lumi Toyoda em suas palestras. Por exemplo: o oshibori, aquela toalhinha que vem fumegante no inverno e geladinha no verão, a gente pode passar no rosto? Morro de vontade!!! E a decoração do prato com pássaros de nabo e flores de cenoura, posso comer ou o sushiman pode ter um piripaque? Reuni alguns tópicos abaixo, sem a pretensão de dar aula de etiqueta, por favor, apenas comentando coisas que aprendi ao longo desses anos de ‘papa-sushi’ e que achei interessantes. Mas na dúvida, já sabe: use o bom senso, sempre a melhor saída.- Na chegada: você chega e lá do fundo gritam, “Irashaimassêeeee!!!”. Não precisa ficar desconcertado tentando responder ou repetir a frase. São as boas-vindas, basta acenar com a cabeça e se acomodar.- O oshibori (a toalhinha). É para limpar as mãos e se reconfortar, por isso vêem quente no inverno e frias no verão. No Japão os comensais passam no rosto, aqui não é comum mas se você estiver afim de dar aquela ‘refrescada’, faça como eu: disfarça e passa (tipo ‘relaxa e goza!’).- Ohashi: se não souber usar os ‘pauzinhos’, pode fazer a pinça usando um elástico, por isso as pontas das hastes são chanfradas…- Se for para comer sushi, pode pegar com as mãos, não tem problema. Mas você deve engolir o naco de uma só vez, nada de mordiscar, sushi não é coxinha.- Os hashis nunca devem ser ‘espetados’ na tigela do arroz e nem apoiados sobre as mesmas. Devem permanecer na mesa, sobre apoios específicos para esse fim. Se quiser ser mais preciso ainda, sempre paralelos à borda da mesa, nunca na perpendicular. Apontar um hashi pro sushiman então é pedir para levar uma facada, falta de respeito total.- Tem gente que fala gesticulando com o hashi na mão como se fosse um cigarro. Imagine a cena com um garfo na mão. É tão feio quanto. Mas tem coisa pior: ficar chupando a ponta do hashi, credo, ninguém lambe a ponta da faca, né?- E já viu gente esfregando um hashi no outro após tirar da embalagem como se estivesse afiando uma faca? Isso também é horrível, indica que você considera o hashi daquele restaurante de baixa qualidade.- O missoshiro (sopa de pasta de soja) deve ser tomado (e se quiser fazendo barulho!) com a tigela diretamente na boca. Jamais use uma colher, pode usar os hashis para misturar seu conteúdo, que costuma se depositar rapidamente no fundo da tigela.- Sushi: o maior erro é a famosa ‘piscininha de shoyu’. Cheia de wasabi (raiz forte) diluída então, é a visão do apocalipse pro sushiman! O shoyu deve ser usado com parcimônia e o wasabi aplicado apenas sobre a peça a ser comida. O ideal é que no final da refeição, o pratinho de shoyu esteja tão limpo como antes de ser usado. Parece loucura mas é isso mesmo.- As bandejas de sushi vêm repletas de enfeites de pepinos, nabos e cenoura além de folhas de shissô intercalando fatias de peixe. Pode parecer só decorativo, mas há uma grande finalidade: os legumes ajudam a regularizar os índices de ácido úrico que a ingestão de peixes provoca no organismo, principalmente o pepino e o nabo. Por isso mesmo eu como tudo. Já as folhas de shissô são alcalinizantes e possuem ação anti-séptica, o que é bastante desejável em se tratando da ingestão de alimentos crus.- As tigelas com arroz e alguns cozidos podem ser levadas próximas à boca durante as refeições, não é feio. Isso até ajuda quem não tem firmeza no uso do hashi.- Saquê: o tal do salzinho na borda é modinha brasuca mas tá valendo pela informalidade mesmo. Mas para um ótimo saquê, jamais coloque sal.- O saquê também não deveria ser servido com sushi. Sushi deve ser degustado com chá, mas como não somos tão ortodoxos, comemos até com caipisakê, quer hibridismo cultural maior que esse?- Antes de se servir de saquê você deve primeiro servir o seu acompanhante. E se for japonês, servir sempre com a mão direita. Servir com a mão esquerda indica que seu acompanhante é um inimigo, embora nesse caso você nem o serviria, hehe.- Os ‘teishokus’, seleção de vários pratinhos com sopa, arroz, picles, peixes e cozidos, são refeições individuais mas em alguns restaurantes são tão grandes que podem ser divididos. Não hesite em pedir arroz ou missoshiro extra (cobrado à parte) nesse caso.- Não há uma regra para a seqüência dos pratos, mas geralmente se começa com o sashimi (peixe cru). Depois entram os pratos quentes e o ideal é optar pelas frituras para evitar que elas esfriem e percam a crocância. Tempura frio é um erro, já me disse uma amiga.- As sobremesas japonesas, geralmente feitas com feijão, são sempre pouco doces, exceto loucurinhas como ‘tempura de sorvete’. Mas vão super bem com o chá japonês, que além de leve é ótimo para a digestão.- Na hora de ir embora, seja lá o que você ouvir deve ser um “obrigado”, então vale a dica da chegada: apenas acene levemente com a cabeça em sinal de reverência pela hospitalidade e vaze!Quer mais? Tem um vídeo muito engraçado que postei certa vez aqui e que brinca com a etiqueta japonesa. Divirta-se. (link)(texto de Marcelo Katsuki, editor de arte da Folha Online, postado originalmente no blog Comes e Bebes em 07 de fevereiro de 2008 )

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